Friday, 8 September 2023

Bem-vindo(a)s!

 Este é o blogue da disciplina de Literatura dos EUA (sécs. XVIII-XIX). O blogue é um suporte do estudo e também de extensão à comunidade, aberto a quem se interesse pelo mesmo que nós.

Para começar, quem se inspira a analisar este pequeno excerto? -  escrito por John Winthrop, líder espiritual dos puritanos a bordo do Arbella, prestes a aportar na baía de Massachusetts em 1630, após a travessia desde Inglaterra.

The Lord will be our God, and delight to dwell among us as his own people, and will command a blessing upon us in all our ways, so that we shall see much more of his wisdom, power, goodness, and truth, than formerly we have been acquainted with. We shall find that the God of Israel is among us, when ten of us shall be able to resist a thousand of our enemies; when he shall make us a praise and glory that men shall say of succeeding plantations, "the Lord make it like that of New England." For wemust consider that we shall be as a city upon a hill. The eyes of all people are upon us, so that if we shall deal falsely with our God in this work we have undertaken, and so cause him to withdraw his present help from us, we shall be made a story and a by-word through the world. We shall open the mouths of enemies to speak evil of the ways of God, and all professors for God's sake.


(John Winthrop, "A Model of Christian Charity" 1630)



Il. Gov. John Winthrop -- In honor of the birthday of Governor John Winthrop, born June 12, 1587 / K. H. Burn del c. 1860

4 comments:

Carolina Franco said...

To me, this text seems to expose religion as a double edged sword, though I don't believe that was the intention of the writer. Putting aside the beauty in which it was written and the carefully chosen language, it's very emotion-heavy. The speaker expresses the belief that, by following God's ways faithfully, He will bless and protect them. John Winthrop genuinely believe that God's wisdom, power, goodness and truth will be more evident to them than to others, like they're a prominent city on the top of a hill, where everyone can watch them and follow them as a sort of "guide". However, on the other hand, if they fail in their commitment, they'll become a negative example and people will start to see God with a negative, perhaps judgemental, gaze. It's like God's image depends on them, somehow. I believe it was written with the intent of showing the readers the importance of following God's principles, so that they can be blessed and not "cursed" with negative consequences.

Beatrice Berto said...

“A model of Christian Charity” (1630) foi um sermão proferido por John Winthrop, segundo governador da Colônia da Baía de Massachusetts, enquanto se encontrava no barco Arabella direcionado para New England.
O excerto apresentado é particularmente relevante pela aproximação entre a comunidade religiosa e a expressão “a city upon a hill”, usada para descrever como a nova colônia deveria afirmar-se enquanto um exemplo para o mundo. De facto, Winthdrop, através desta comparação e da alusão bíblica a Mateus 5:14: “You are the light of the world. A city that is set upon a hill cannot be hidden," compara o cristianismo com um farol de luz que, ao iluminar o caminho certo a seguir, permitirá aos bons e justos a receção de “wisdom, power, goodness and truth”. Desta forma, parece ser feita referência a um grupo escolhido, “his own people”, cuja importância é reforçada pela redundância dos pronomes pessoais da 1º pessoa do plural (we, us). Por outro lado, a mesma ênfase é dada ao seu aviso contra o fracasso da missão divina, pois tal provocaria o desprezo do mundo e o descontentamento de Deus. Desta forma, é reforçado o esforço coletivo necessário e rejeitada qualquer divergência que impedisse o estabelecimento deste modelo cristão.
Este desejo, que Winthdrop expressa, de se tornar um paradigma único para a comunidade global poderia remeter, num primeiro momento, à ideia de excecionalismo americano, enquanto crença da superioridade, neste caso, do puritanismo e no futuro dos EUA no cenário mundial. E, num segundo momento, de predestinação, retomando a convicção de Winthdrop e da sua tripulação terem sido destinados a desempenhar um papel exemplar em nome da vontade divina.

Carolina Franco said...

Apesar de já ter comentado anteriormente, acabei de ler o sermão na antologia e tenho alguns comentários a fazer, apesar de parecer uma crítica mais do que qualquer outra coisa. Peço desculpa pelos comentários separados...


In my perspective, A Model of Christian Charity undeniably comes from a position of privilege. It reflects a stringent interpretation of God, Christianity, and divine principles. John Winthrop expounds extensively on tolerance, love, leading by example, and aiding others; however, this religious tolerance does not extend beyond the Christian faith. The sermon eloquently delineates his vision for the colony and the guiding principles for its members, but it is undoubtedly radical. In all sincerity, I believe Winthrop comes across as yet another egotistical, privileged individual.

After delving into A Model of Christian Charity and reflecting upon what I read, one singular quote appears in my mind: "There is no hate like Christian Love."

However, I can’t say I’m surprised, as this perspective resonates if we think about its historical context. Colonial leaders often upheld principles of benevolence to their own, failing to extend the same compassion to other religious groups/other cultures. This sermon’s idealism and exclusivity simply highlight the prevailing privilege of its time.

Margarida Ramirez said...

Winthrop fala-nos de uma ordem natural: uns são ricos, outros pobres e o que nos cabe fazer é manter esta ordem e garantir harmonia dentro dela. Parece haver um determinismo quanto ao futuro de cada pessoa e não uma esperança de superação para cada uma delas. Quase como se existisse uma ordem natural, estabelecida por Deus, uma hierarquia que deve ser respeitada sem questionamento.

Também num conjunto de outras prescrições, o autor parece reproduzir esta mensagem de conformismo em relação à posição social e económica. Não deve haver competição, porque somos todos órgãos de um só corpo. Devemos ajudar e apoiar cada um, dentro do tipo de obstáculos que enfrenta, sabendo que os dos pobres serão necessariamente diferentes dos dos ricos.

Bem sei que este é um olhar a partir do século XXI, mas a máxima de que devemos amar a Deus e ao próximo em vez de a nós mesmos, parece fazer-nos colocar exclusivamente em algo ou alguém externo o controlo sobre a nossa própria vida. Tratamos o próximo com amor, na esperança que nos trate da mesma forma e só nesta esperança recai o poder sobre a nossa existência.