Habito a casa onde tu viveste, Poe
Mas aqui a tua presença é mais
forte do que eu.
De noite, percorro os longos
corredores
Fechados entre paredes de ébano.
A tua casa é o meu mausoléu.
As cortinas negras, os veludos
dos sofás
libertam perfumes que me
intoxicam.
E eu deixo. O contraste entre mim
e a casa atenua-se:
Cria em mim novos pensamentos
assombrados
Nos poros dos antigos. Sou
estranha à vida.
Trazes a Noite entre as asas do
teu corvo.
O ar torna-se denso e cada vez
mais negro.
Eu não vou sair daqui nunca mais,
Soterrada pela precisa imagem
Que tu desenhas e eu temo
construir.
Não fingirei mais, sou estranha à
vida
E não aceito senão a tua casa,
Poe.
Lá fora, o mundo são não é o teu
nem o meu.
Lá fora, o mundo salvar-me-ia da
morte
Mas eu escolho o teu.
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