Sunday, 23 October 2016

Throeau: Uma Casa no Lago (por Anton Zhukov, Filipe Ribeiro e Tomás Mendonça)

O que é uma casa? Será uma muralha entre o lado exterior e o lado interior? Pode essa casa encontrar-se na natureza? Tem de ser imóvel ou pode ter qualidade nómada? Não te sentes tu em casa em ti mesmo? Porquê procurar uma casa na floresta? O que se procura lá? E o que se encontra? E o Lago, que verdades guarda, em profundidade, esse ser do qual Thoreau se sente semelhante e perto dele procurou viver?
Será necessário comprar uma quinta ou devemos viver descomprometidos, livres? Qual será melhor para a imaginação? E para a percepção? Não deveríamos, todos, procurar ver a essência da realidade? E não deveríamos todos buscar a autossuficiência: material e anímica? Foi Thoreau a representação da apologia de Emerson?
Que significado guarda o círculo que Thoreau encontra no lago Walden? Que força resplandece desse símbolo que ilumina o ser que é o “entre o céu e a terra”: o Homem?



«Living between the earth and the heavens, it partakes of the colour of both» página 132
  «A Lake is the landscape's most beautiful and expressive feature. It is earth's eye; looking into which the beholder measures the depth of his own nature»
Para Thoreau, o naturalista que, influenciado pelo transcendentalismo de Emerson procurou a perfeição, em si mesmo, segundo a eternidade do círculo, era na manhã, na luz, nos primeiros raios que se iniciava a jornada. A floresta, o Lugar; o dia, o Tempo. Estes tempo e lugar revelam a dissonância, a fronteira dos caminhos percorridos entre Thoreau e Edgar Alan Poe: no primeiro caso caminha-se para a essência e no segundo vagueia-se pelo mistério do crepúsculo tardio.

Se a lua fosse o lugar de ambos, então no lado que brilha estaria Thoreau a tocar flauta iluminando a Terra e, no “dark side of the moon”, estaria Poe a voar qual corvo na escuridão do mistério que a Terra não vê.

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