O que é uma casa? Será uma muralha entre o
lado exterior e o lado interior? Pode essa casa encontrar-se na natureza? Tem
de ser imóvel ou pode ter qualidade nómada? Não te sentes tu em casa em ti
mesmo? Porquê procurar uma casa na floresta? O que se procura lá? E o que se encontra?
E o Lago, que verdades guarda, em profundidade, esse ser do qual Thoreau se sente
semelhante e perto dele procurou viver?
Será necessário comprar uma quinta ou devemos
viver descomprometidos, livres? Qual será melhor para a imaginação? E para a
percepção? Não deveríamos, todos, procurar ver a essência da realidade? E não
deveríamos todos buscar a autossuficiência: material e anímica? Foi Thoreau a
representação da apologia de Emerson?
Que significado guarda o círculo que Thoreau
encontra no lago Walden? Que força resplandece desse símbolo que ilumina o ser
que é o “entre o céu e a terra”: o Homem?
«Living between the earth and
the heavens, it partakes of the colour of both» página 132
«A Lake is the landscape's most beautiful
and expressive feature. It is earth's eye; looking into which the beholder
measures the depth of his own nature»
Para Thoreau, o naturalista que, influenciado pelo transcendentalismo
de Emerson procurou a perfeição, em si mesmo, segundo a eternidade do círculo,
era na manhã, na luz, nos primeiros raios que se iniciava a jornada. A floresta,
o Lugar; o dia, o Tempo. Estes tempo e lugar revelam a dissonância, a fronteira
dos caminhos percorridos entre Thoreau e Edgar Alan Poe: no primeiro caso
caminha-se para a essência e no segundo vagueia-se pelo mistério do crepúsculo
tardio.
Se a lua fosse o lugar de ambos, então no lado que brilha estaria
Thoreau a tocar flauta iluminando a Terra e, no “dark side of the moon”,
estaria Poe a voar qual corvo na escuridão do mistério que a Terra não vê.
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