O discurso “The
American Scholar” de Ralph Emerson Waldo é constituído por três partes
distintas. Primeiro, Emerson fala dos recursos que considera essenciais para o
estudante: natureza, livros e ação. Em segundo, fala dos deveres do estudante e
na autoconfiança, fazendo uma distinção cerrada entre conceitos que acredita
definirem os dois tipos de ser humano: o “Man Thinking” e o “Mere Thinker”. Por
último, faz uma breve referência à influência que a cultura europeia e os seus
modelos de estudo têm sobre o povo norte-americano, fazendo um apelo à
emancipação do meio académico do seu país.
Na segunda parte
deste discurso, Emerson argumenta sobre a importância da autoconfiança como
motor da aprendizagem e busca do conhecimento por parte do académico e como, em
contrapartida, o medo pode ser a maior barreira a atravessar no desenvolvimento
destes processos: “Inaction is cowardice, but there can be no scholar without
the heroic mind”. (p. 65, esq.)
A partir desta
característica, o autor começa a criar no texto o tipo de ser humano que um
verdadeiro académico se deve tornar, definindo-o como “Man Thinking”. O “Man
Thinking”, estudante confiante que prefere o pensamento crítico à aceitação de
dogmas e é incessante na busca de todas as formas de conhecimento que o possam
tornar mais completo torna-se uma espécie de personagem de características
reais, com caráter e ambições, como alcançar a mestria através do conhecimento,
o que lhe confere um estatuto de intelectualidade. O ‘One Man’, um tipo de
homem dotado de sabedoria em várias matérias, é considerado um exemplo a
seguir, sendo a origem de todos os outros. Porém, atentando na sua capacidade
de divisão, o homem deve também permanecer eclético e capaz de conservar todas
as suas funções. Para que este indivíduo consiga ter em sua posse todas as suas
capacidades, tem de vivenciar o mesmo que todos os outros. Aqueles que são
capazes de olhar para além do seu próprio ser sem deixar que a sociedade exerça
poder sobre si mesmos tornam-se ‘Man Thinking’. Apesar de parecer um conceito
bastante abstrato, ‘Man Thinking’ não passa de um indivíduo que recebe os seus
ensinamentos no presente, baseando-se no passado, mas aliciado pelo futuro.
Esta ideia remonta ao antigo conceito de Humanismo Renascentista e faz-nos
voltar aos séculos XIV, XV e XVI onde o homem renascentista fica marcado como
sendo um verdadeiro polímata. Esta influência da antiga cultura europeia
levanta a dúvida quanto à eficácia do discurso de Emerson quando defende a
necessidade de uma divergência entre as culturas académicas de ambas as partes.
Todos os que se
deixam influenciar pelas opiniões das massas são ‘Mere Thinkers’, pois Emerson
considera que a aceitação e o conformismo são características que não são
compatíveis com a busca contínua do conhecimento, criando assim um discurso que
atua, basicamente, à volta do reforço que existe na distinção entre as duas
definições mencionadas, como uma separação entre o certo e o errado.
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