“The Man that
Corrupted Hadleyburg” é um conto que foca a destruição da imagem honesta de uma
comunidade. Hadleyburg, onde se desenrola a acção, é uma pequena cidade
ficcional, situada algures na América no final do século XIX, conhecida pela
sua respeitabilidade e honestidade. Quando, um dia, um estranho passa pela
cidade e é maltratado por um dos cidadão, essa ofensa leva-o a desejar
vingar-se e montar uma armadilha a toda a cidade para destruir a sua reputação.
Através do seu esquema, Stephenson, o forasteiro, alicia os cidadãos mais
respeitáveis a reclamar um saco com ouro que não lhes pertence, fazendo-os
mentir e enganar a todos para o conseguir.
O próprio título sugere que a cidade vivia
sobre alicerces morais que foram destruídos por um estranho. No entanto, o
narrador afirma logo no início que Handleyburg era uma cidade vaidosa e
moralista na sua auto-proclamada honestidade o que enfatiza a fragilidade dessa
incorruptibilidade.
O autor apresenta-nos uma comunidade cristã que
procura a todo o custo passar uma determinada imagem, firmada em fortes
princípios, mas, que acaba por cair na armadilha expondo uma ambição desmedida.
O facto de a comunidade ser cristã é importante para percebermos o paradoxo que
o autor usa ao focar os princípios humanos como instáveis. Com este exemplo,
Twain poderá querer mostrar como as pessoas esquecem facilmente as suas
convicções devido à natureza humana, que é enganadora. A ideia de que o mal
está no interior do homem sendo, por isso, difícil libertar-se dele já tinha
sido abordada no conto, Young Goodman Brown através
do qual, Hawthorne satirizou a comunidade puritana de Salém.
É mediante os comportamentos e pensamentos dos
cidadãos, particularmente dos Richards, que o autor aborda os temas da
corrupção, a vingança, redenção e simulação da verdade. Os Richards, assim como
os outros habitantes, começam com boas intenções; porém, o seu comportamento
vem a reflectir o oposto. Mary Richards revela não confiar em si mesma nem na
cidade, e repete como uma oração, “não me deixais cair em tentação” ao mesmo
tempo que prevê a tragédia que cairá sobre Hadleyburg: “ I do believe that if
ever the day cames that its honesty falls under great temptation, its grand
reputation will go to ruin like a house of cards.”. No fundo, o entendimento
que ela possui da “honestidade artificial” da cidade, não impede nem o seu
declínio moral nem o do marido.
Os Richards são preconceituosos e têm uma
atitude conflituosa em relação a Burgess que os procurou ajudar. Inicialmente,
alegram-se quando ele salva a sua reputação na assembleia, mas, mais tarde,
tornam-se desconfiados e interpretam maldosamente as suas intenções. Por outro
lado, o conflito entre a ambição e o desejo de serem fiéis aos seus princípios
causa-lhes tal culpa que entram num estado de delírio e acabam por sucumbir.
À semelhança de outras obras de Twain, a
narrativa é pontuada com elementos humorísticos que acentuam o carácter irónico
do conto: por exemplo, Edward Richards tenta lembrar-se de uma boa acção que
fez a Goodson, considerando que talvez o tenha salvo de morrer afogado,
contudo, lembra-se que não sabe nadar; na assembleia todos os respeitáveis
cidadãos tinham um discurso preparado para agradecer quando lhes entregassem o
dinheiro; a antiga canção do Mikado é uma sátira à virtude do homem. Os
próprios nomes dos cidadãos não foram escolhidos aleatoriamente, praticamente
todos possuem um significado. Goodson (bom filho), Jack Halliday (dia santo),
Stephenson (alusão ao primeiro mártir) e os dos cidadãos mais respeitáveis
representam termos que destacam o seu cariz intolerante e implacável - Wilder (caçador), Pinkerton (duro e
persistente), Inglsby Sargent (sargento obstinado).
A figura do falecido Goodson é importante na
história visto que simboliza a verdadeira honestidade. Enquanto vivo, marcou
Hadleyburg por uma conduta generosa e, ganhou a antipatia da cidade pelas
críticas que lhe dirigia, considerando-a “avarenta, limitada e moralista”.
Outra figura que confere um grau satírico à história é Jack Halliday,” o
brincalhão da cidade. Halliday, irreverente e amigo de todos, era um observador
exímio, apercebia-se das alterações de humor que sofriam os seus habitantes e
aproveitava para os ridicularizar com frequência.
A mensagem desta história é intemporal e pode
ser aplicada a toda a cidade ou nação, uma vez que as nações pretendem defender
uma imagem de rectidão de carácter a defender. Tal como Hadleyburg, qualquer
comunidade está sujeita a ser corrompida pelo lado financeiro da sociedade.
Muitas vezes, as boas intenções do homem desmoronam-se perante a tentação do
dinheiro e do poder. Apesar de transmitir inicialmente uma visão um pouco
pessimista em relação aos defeitos e virtudes do homem, Twain sugere possuir
ainda alguma fé na humanidade. Por fim, os cidadãos demonstraram que entenderam
a lição dada e escolheram o melhor caminho. A mudança do lema da cidade prova
que o homem possui a capacidade de mudar, e de se redimir.
3 comments:
Muito bem, Verónica e Joana, o vosso trabalho está muito bem conseguido e explicam muito bem o quão maleáveis eram os cidadãos de Hadleyburg cheios de garganta sobre a sua inquestionável incorruptibilidade. Mas que bastou um saco cheio de dinheiros para fazer os cidadãos "porem de parte" os seus princípios e lutarem pelo saco como animais. Os Richards tal e qual, a mulher Mary a imaginar os luxos egoistas para si mesma se eles ficassem com o dinheiro...
Seja como for o trabalho está mesmo bom.
Bom trabalho.
Gonçalo.
Mark Twain’s The Man That Corrupted Hadleyburg is a story with a definite moral or lesson to be learned. The lesson in the story is presented to us as a parable (a succinct story, which illustrates one or more instructive principles, or lessons, or a normative principle). Even though we are told from the very beginning that “Hadleyburg was the most honest and upright town in all the region round and about it”, through the story Mark Twain portrays the town of Hadleyburg as greedy, hypocritical, and morally vulnerable with his outstanding tone of humour and satire.
The endless desire to enlarge economic power emerges as the incident of the mysterious sack is made public, or even before “all we’ve got to do is to bury the money and burn the papers”.
It is money that causes men to cheat, lie and steal to consume its pseudo sense of security and power. Without exception, nineteen people who are regarded as the most honest and upright, finally give in to the powerful temptation of money. In the course of the temptation, Mark Twain shows how vulnerable human beings are to materialism and how much hypocrisy in the name of morality conceals a greedy human nature.
This short story shows that even "the most honest and upright town in all the region aroun about" can be easily corrputed by a stranger who seeks for his revenge.Weakness and wickedness of humanity can not remain hidden when the money involves.Stranger takes his revenge by not doing anything more than exposing the citizens' true identities.
gizem GUNCICEK
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