Monday 26 September 2022

T.P.C. Ralph Waldo Emerson, "Nature" (para 29 de novembro e 4 de outubro)

 

De que modo dialogam os dois poemas seguintes (de autores portugueses contemporâneos) com Nature de Emerson?  Poderá inspirar-se nalgum deles (ou em excertos do ensaio de Emerson) para entrar neste diálogo de forma criativa? Experimente.






Em alternativa, produza uma análise de texto do  último parágrafo da p. 1827, que se estende até à 1828. Desde "tTo  speak truly" até  "beautiful as his own nature". 

6 comments:

Mariana Brito said...

Através da leitura de Nature de Emerson, podemos observar a influência que este pode ter tido nos poemas de autores portugueses contemporâneos. No primeiro poema, de Miguel Cardoso, é possível observar algumas ideias idênticas (também é possível que me esteja a deixar levar por uma interpretação parcial, uma vez que estou diretamente á procura de possíveis ideias correspondentes). Na primeira estrofe, conseguimos observar o verso “arquitetura da terra” que faz um contraste entre a vida humana e a natureza. A arquitetura é uma construção ou modelagem artificial/humana da natureza, o que pode demonstrar a influência que os humanos têm sobre esta ou, também, a influencia que a natureza tem no pensamento humano, em que acabamos por pensar em processos naturais (meandros) como arquitetura. Mais adiante no poema temos o verso “benção vinda do Oriente”, que demonstra uma valorização sobre esta arquitetura, sobre a beleza da natureza e a sua apreciação continua tal com Emerson nos aconselhava a fazer em todo o seu capítulo Beauty - em que nos explicava que uma das bênçãos da Natureza é nos transmitir a ideia do que é o belo. O seguimento do poema pode ter interpretações um pouco mais ambíguas. Miguel Cardoso escreve “lançar-nos ao rio, seguir as curvas” que pode indicar o seu desejo dos seres humanos se “atirarem” para a natureza, de se fundirem com a mesma, de forma a sermos um só. Isto va de acordo com a ideia do filosofo, uma vez que este acreditava que a Natureza e Homem são um, que a Natureza está em nós, faz parte de nós e nós parte dela. Por último sobre este poema, gostaria de falar sobre os versos “e errar o caminho / não sabendo segredar á luz da sua língua nativa” - a interpretação que faço destes é que, erramos quando não estamos totalmente conectados com a Natureza, quando não falamos a sua língua, e por isso ocorre uma desconexão.
O poema de Diana V.Almeida apresenta parecenças mais em termos de estrutura. Tal como os oito capítulos em Nature, também as oito secções do poema apresentam títulos compatíveis. Em caraúna destas oito secções podemos encontrar relações com os capítulos específicos de Nature, seja em termos de influencia direta, como em termos de possível interpretação da autora. Cada capitulo torna-se correspondente, de forma ligeira, á mensagem principal de cada capitulo.

Mariana Brito said...

Através da leitura de Nature de Emerson, podemos observar a influência que este pode ter tido nos poemas de autores portugueses contemporâneos. No primeiro poema, de Miguel Cardoso, é possível observar algumas ideias idênticas (também é possível que me esteja a deixar levar por uma interpretação parcial, uma vez que estou diretamente á procura de possíveis ideias correspondentes). Na primeira estrofe, conseguimos observar o verso “arquitetura da terra” que faz um contraste entre a vida humana e a natureza. A arquitetura é uma construção ou modelagem artificial/humana da natureza, o que pode demonstrar a influência que os humanos têm sobre esta ou, também, a influencia que a natureza tem no pensamento humano, em que acabamos por pensar em processos naturais (meandros) como arquitetura. Mais adiante no poema temos o verso “benção vinda do Oriente”, que demonstra uma valorização sobre esta arquitetura, sobre a beleza da natureza e a sua apreciação continua tal com Emerson nos aconselhava a fazer em todo o seu capítulo Beauty - em que nos explicava que uma das bênçãos da Natureza é nos transmitir a ideia do que é o belo. O seguimento do poema pode ter interpretações um pouco mais ambíguas. Miguel Cardoso escreve “lançar-nos ao rio, seguir as curvas” que pode indicar o seu desejo dos seres humanos se “atirarem” para a natureza, de se fundirem com a mesma, de forma a sermos um só. Isto vai de acordo com a ideia do filosofo, uma vez que este acreditava que a Natureza e Homem são um, que a Natureza está em nós, faz parte de nós e nós parte dela. Por último sobre este poema, gostaria de falar sobre os versos “e errar o caminho / não sabendo segredar á luz da sua língua nativa” - a interpretação que faço destes é que, erramos quando não estamos totalmente conectados com a Natureza, quando não falamos a sua língua, e por isso ocorre uma desconexão.
O poema de Diana V.Almeida apresenta parecenças mais em termos de estrutura. Tal como os oito capítulos em Nature, também as oito secções do poema apresentam títulos compatíveis. Em cada uma destas oito secções podemos encontrar relações com os capítulos específicos de Nature, seja em termos de influencia direta, como em termos de possível interpretação da autora. Cada capitulo torna-se correspondente, de forma ligeira, á mensagem principal de cada capitulo.

Carina Ventura said...
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Carina Ventura said...

Análise de texto, página 1827-1828

“To speak truly, few adult persons can see nature. Most persons do not see the sun.”

Emerson afirma que as crianças se encontram mais perto da natureza, pois possuem uma inocência proveniente da ignorância. Neste excerto, Emerson compara a atenção das crianças para o que é natural. Em oposição, poucos são os adultos que absorvem a beleza do mundo natural. “The sun illuminates only the eye of the man, but shines into the eye and the heart of the child.” Ao passo que o contacto dos adultos é superficial, as crianças contactam profunda e inteiramente com a natureza, pois não foram ainda inteiramente corrompidas pela maquinaria do mundo “real”. Apenas poucos adultos, i.e., os que mantiveram a criança dentro de si viva, é que conseguem apreciar a beleza da natureza. Neste caso, a natureza surge como a fuga para as mágoas frequentemente anexadas à vida adulta, é a alegria com que sempre podemos contar, no caso de a sabermos aproveitar, na sua generalidade, e não apenas nos dias de sol.

No bosque, a sua fé e razão atingem os seus exponentes máximos. Rodeado por natureza, qualquer sentimento negativo se evapora, sendo este reparado por ela. Ali, é para sempre uma criança. “I become a transparent eye-ball; I am nothing; I see all…” Ele é apenas aquilo que vê, limita-se a absorver o que observa e nada mais para além disso. Há nesta frase uma brincadeira entre as palavras homófonas “I” deítico pessoal, e “eye” de olho. Emerson era transcendentalista, teoria filosófica que visa a intuição como principal fonte da obtenção de conhecimento, sendo a natureza o seu habitat natural, livre do materialismo que corrompe as pessoas. “In the wilderness, I find something more dear and connate than in streets or villages.” Na natureza encontra-se, portanto, mais perto de Deus. “I am part or particle of God.”

Inês Ramos said...

No quarto parágrafo do capítulo “Nature” "To speak truly, few adult persons can see nature..." o leitor é levado a refletir sobre o tema da natureza, nomeadamente através da descrição que Emerson faz da mesma, destacando o poder e a maravilha do "selvagem", dos bosques. Deste modo, é possível salientar o transcendentalismo de Emerson “In the wilderness I find something more dear and connate that in streets or villages” exaltando a relação com a natureza. De forma a exaltar o poder da mesma, é possível identificar alguns elementos que contribuem para tal, nomeadamente o uso de recursos expressivos, assentando em dois principais: a metáfora “His intercourse with heaven and earth becomes part of his daily food” e a personificação “Nature says,- he is my creature…” “...a perennial festival is dressed”. Relativamente ao narrador, temos presente um “narrador personagem” uma vez que o mesmo está presente, visível através dos vários dêiticos pessoais “I”: “I have enjoyed”; “I become”; “I am nothing” (...)”. Neste contexto, existe também uma brincadeira de jogos de palavras entre o "I" e o "eye". No último parágrafo de análise deste excerto, o autor exalta os bosques, nomeadamente a tranquilidade e a sua beleza "In the tranquil landscape... man beholds somewhat as beautiful as his own nature" em oposição às vilas e ruas. Através desta ideia é possível estabelecer um paralelismo com Cesário Verde e a dicotomia entre campo e cidade; e a personagem de Rip Van Winkle, que frequentava várias vezes ao bosque, inclusive foi nesse mesmo local que adormeceu. A natureza é, portanto, dotada de importância.

Beatriz Lima said...

Durante todo o capítulo e principalmente nesse excerto, podemos observar uma certa devoção e apreciação pela natureza, e que essa admiração não deve ser somente durante o verão ou dias de sol, mas em todas as estações ela deve ser apreciada "Not the sun or the summer alone, but every hour and seasons yields its tribute of delight...", pela próximidade que o homem deve ter com a natureza podemos interpretar que essa variedade corresponde as constantes mudanças que também acontece na mente do próprio homem. Para apreciar a natureza não devemos ser apenas superficiais como é mencionado no começo do paragrafo "At least they have a very superficial seeing.", é preciso uma interação a ponto de senti-la tomando conta dos nossos sentidos. No último paragrafo podemos observar um grande respeito pela natureza, como um lugar tranquilo onde o homem pode se conectar com sua própria mente e que não pode ser encontrado nas cidades.