Sunday 4 May 2008

"A Psalm of Life", de Longfellow, em tradução de António Simões


O QUE O CORAÇÃO DO JOVEM DISSE AO SALMISTA

Não me digas em tom lamuriento:
"A vida não é mais que um sonho vão!"
Está morto o que vive sonolento,
O que parecem as coisas nunca são.

A vida é real! A vida é séria!
E não é na sepultura que acaba;
"Tu és pó que ao pó depois regressa."
Não foi dito acerca de a alma.

Nem a alegria nem a tristeza
Como um fim ou caminho se entende;
Mas agir pra que o amanhã nos veja
Ir mais além que o dia presente.

A arte fica e o Tempo passa,
E nossos corações, firmes embora,
Batem, quais tambores, em surdina,
Marchas fúnebres para a sepultura.

No campo de batalha que se estende,
Vasto, pelo mundo e pela Vida,
Não sejas como o gado, obediente!
Sê um herói na luta assumida.

Não creias no Futuro, 'inda que belo!
Passado morto enterre os mortos seus!
Age, age no Presente com desvelo!
Dentro, o coração, e ao alto, Deus!

Vidas de grandes homens vamos lembrando
Pra fazer das nossas sublime exemplo,
Partir, atrás de nós sempre deixando
As pegadas na areia do tempo.

Pegadas que talvez um outro, então,
Da vida navegando o duro mar,
Ao vê-las, esse naufragado irmão,
Nova coragem irá encontrar.

Ergamo-nos, pois, prontos prà acção,
Com uma coragem que tudo enfrente;
E em constante realização,
Aprender a agir, ser paciente.

(in Antologia de Poesia Anglo-Americana de Chaucer a Dylan Thomas, Porto, Campo das Letras, 2002)

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