Monday 3 October 2022

"Self-Reliance" de Ralph Waldo Emerson - para 7 de outubro

 Atentando no excerto que começa na p. 69 da antologia (35 do texto) - "The other terror that scares us from self-trust"-  e termina na mesma página em - "To be great is to be misunderstood." - produza uma análise de texto (com relação intertextual com outros 2 textos da disciplina) ou uma composição de escrita criativa (se possível, recorrendo ao cruzamento com a sua experiência pessoal e não esquecendo de relacionar com um outro texto da disciplina).

Qualquer das suas produções deverá ter no máximo 35 linhas (sendo que a escrita criativa requer entre 5 a 10 linhas de explicação do processo relacional). Tod@s @s alun@s que responderem até quinta-feira receberão feedback por escrito até domingo, de forma a poderem preparar-se para o exercício midterm no dia 13 de outubro.



13 comments:

Diana Calado said...

Exercício de Escrita Criativa


A Porta Estreita


Quando a ampla vereda hesita decidida na enleada consciência prisioneira, e desnorteia o norte da gente alheia, que sucede, então, na contradição, génese da tua libertação?
Na segura consistência supus ter a persistência de quem insiste em lutar: Temperança, Resolução, Ordem, Moderação (pudesse Franklin me salvar!).

Na álea pedregosa, senta a leoa aleivosa num silêncio tumular, ao luar da sua bússola sem tempo esperava em vão o alento impossível de alcançar. Sem parábola, sem enigma, segui só pela maré contígua, de olhos vendados, ao confiar que o meu manto multicolor também era credor da liberdade de contrariar.

Ao abandonar, por fim, o terror do desconhecido, julgamento ainda temido, ingrato para mim, abracei as asas da Grandeza que com gentileza bradavam assim:

“Ser grande é ser incompreendido!”

É ser distinguido na imensidão da cinzenta multidão pelo olhar colorido. Por isso, não te desesperes, pois se souberes que o címbalo que ressoa no teu peito é seguro e verdadeiro, límpido e certeiro, nada tens a temer… Irreverente, segues em frente, atrevendo-te a viver além do poeirento preocupar de nunca desapontar.



(Através do excerto de “Self-Reliance”, e apropriando-me levemente do estilo motivacional do autor, neste breve texto, exploro o medo da incoerência e como este pode dificultar-nos o caminho quando desejamos mudar de direcção. Só quando nos permiti-mos ser incoerentes, contrariando as nossas crenças antigas, podemos atingir a grandeza que o autor menciona. No entanto, este é um processo que difícil e que nos lança invariavelmente num estado de confusão e desorientação. Em vão procuramos fontes externas que nos indiquem o caminho, mas em última instância essa orientação terá de surgir do íntimo de cada um. É, pois, na originalidade individual que o ser humano pode experienciar a grandeza de ser fiel a si mesmo, sem medo da contestação ou reprimenda social.)

Inês Ramos said...
This comment has been removed by the author.
Inês Ramos said...


Análise de texto


Tendo em conta o parágrafo mencionado para a análise de texto, o leitor é levado a refletir, através das palavras iniciais de Emerson, sobre a forma de como o indivíduo é persuadido a pensar e agir de acordo com as normas da sociedade, assentando na conformidade e coerência “The other terror that scares us from self-trust is our consistency”. No entanto, no decorrer do parágrafo e em oposição à ideia de conformidade, Emerson, como narrador, incita o leitor a ter o seu próprio pensamento e progresso individual, recorrendo frequentemente ao dêitico pessoal “you” para tal “Speak what you think now in hard words…”. Deste modo é possível identificar a temática do transcendentalismo que alude a alguns elementos predominantes, entre os quais, o pensamento livre e a confiança.
Fazendo uma desconstrução a nível de elementos literários, é possível identificar alguns aspetos que contribuem para esta ideia de foco no próprio indivíduo, nomeadamente o uso de alguns recursos expressivos. Logo de início é possível identificar sucessivas perguntas retóricas “But why should you keep your head over your shoulder?" que agitam e alimentam a sugestão de incentivo; a metonímia e, simultaneamente, hipérbole em “thousand-eyed present” como referência à sociedade; a personificação em “they should clothe God with shape and color” como alusão à religião e, por fim, a enumeração de Grandes nomes de forma a salientar que também estes foram mal entendidos, mas que no entanto vigoraram “Socrates, and Jesus, and Luther, and Copernicus, and Galileo and Newton…”servindo assim de incentivo ao indivíduo “To be great is to be understood”. Para além disto, salienta-se também a questão da própria pequenez do homem “A foolish consistency is the hobgoblin of little minds”, assim como o reforço da ideia de que deve haver uma troca da conformidade dos caminhos religiosos pelo foco pessoal através das palavras “personality” e “Deity”.
Assim, com esta análise é possível, portanto, refletir sobre a ideia de que o indivíduo deve focar-se em si próprio e no seu desenvolvimento, ao invés de agir em conformidade com os ideais de um todo. Através desta ideia podemos estabelecer um paralelismo com o aperfeiçoamento moral que também Benjamin Franklin procurava e se dedicava, assim como o capítulo V “Discipline” de Nature, uma vez que existe também a alusão à natureza como sendo uma influência moral no homem.

Unknown said...
This comment has been removed by the author.
Luana Alta said...

Análise Textual

In Emerson’s Self-Reliance, the author insists that a man should be non-conformist, should speak his truth, and live in the present, without any reliance on past institutions or beliefs. This is evident when he writes “It seems to be a rule of wisdom (…) but to bring the past for judgment into the thousand-eyed present”. In this extract, Emerson uses irony to highlight what society thinks man should do, although he believes quite the opposite. In this quote, the writer expresses that what men should actually do is not speak with a basis on what was true and legitimate and respected in the past, but rather rely on your present thoughts and memories.

Similarly, Emerson highlights this same idea in another work of his; Nature. He expresses that men should break away from reliance on second-hand information, upon the wisdom of the past, upon inherited and institutionalized knowledge. This belief is demonstrated in the introduction, where he poses the rhetorical question: “The foregoing generations beheld God and nature (…) Why should not we also enjoy an original relation to the universe?”. The use of rhetorical questions put the reader in a pensative and self-reflective state, and furthermore highlights across both these works how “man” should be able to have his own original thoughts and opinions without any past knowledge to support or give credit to his beliefs.

In this extract, Ralph Waldo Emerson further explores the idea of being set free from the past and turning the focus to the present, when he writes: “Speak what you now think in hard words (…) To be great is to be misunderstood.”. This could suggest that just like historical figures and ideologies may be in the past, so is yesterday, along with our thoughts and feelings and opinions. What “man” thought before today is the past, and therefore no longer relevant to the man he is today nor his stance on anything. Additionally, another piece of literature from the early nineteenth century that correlates to Ralph Emerson’s Self-Reliance is Song of Myself by Walt Whitman. In this text, Whitman says: “Do I contradict myself? Very well then I contradict myself (I am large, I contain multitudes.)”, similarly exploring the same idea as Emerson, that whoever we were yesterday, is not the man of the today, and his words may be contradictory yet valid and should not be questioned, as they are what rings true to him presently. Furthermore, when Whitman expresses the fact that he contains “multitudes”, he makes it clear that our past words should not be limiting to us today nor should they create coherency in our speech for the sake not being “misunderstood” by society, as Emerson says. “Man” is multifaceted, we are more than what we said yesterday, and what was said or inherited or believed in the past does not and should not shape the person or perception of the person we are today. Both authors express that we do not own consistency to anyone, and should not have to conform to society.

Mariana Lopes said...

Análise de texto

No excerto do texto “Self-Reliance” de Ralph Emerson, o autor tenta levar o leitor a ponderar sobre o mesmo, perguntando-lhe quantas vezes o mudou ou não expressou as suas ideias, com medo de desapontar ou de alterar a precessão do mesmo diante dos seus pares, “The other terror that scares us from self-trust is our consistency;a reverence for our past act or word, because the eyes of others have no other data for computing our orbit than our past acts, and we loath to dissapoint them” (linhas 1 a 4), pergunta também se é preferível andar de cabeça sempre erguida mas carregar o fardo, ou como o autor descreve, o corpo da memória “Why drag about this corpse of your memory (linha 6), das ideias que nunca foram expressas por causa desse medo, e se não seria mais favorável contradizer essas mesmas ideias, mesmo se no dia anterior tivéssemos concordado com elas?

O autor defende que andar sempre de “cabeça erguida” não é natural, “Suppose you should contradict yourself;what then? It seems to be a rule of wisdom never to rely on your memory alone, scarcely even in acts of puré memory, but to bring the past for judgment into thousand-eyed presente, and live ever in a new day.” (linhas 8 a 12), e que contradizer e discutir as nossas opiniões é o que nos vai propulsionar chegar a novas conclusões e ideias, e para não ter receio do que os outros iram pensar pois as grandes mentes que mudaram a sociedade pertenciam a pessoas que não se conformaram com as suas ideias e procuraram sempre alcançar mais, mesmo se esse comportamento não fosse o “esperado”.

Por exemplo, Jorge Washington nasceu numa família de classe baixa e nunca (penso eu) se esperou que o mesmo conseguisse alcançar qualquer estatuto de grandeza, mas como não se acomodou ao “papel” que lhe foi atribuído pela sociedade, conseguiu alcançar grandeza, e o mesmo pode ser dito sobre William Apess, que apesar de pertencer a uma “minoria” , defendeu os seus direitos ,em pé de igualdade, com os seus opressores, levando a que muitos fizessem o mesmo.

Para concluir, a ideia que o autor do texto pretende transmitir é que, nunca devemos parar de exprimir e alcançar os nossos ideias, mesmo se os outos que nos rodeia os condena, visto que sem o fazer não poderemos evoluir não só como individuo mas também como sociedade, pois citando o autor, “To be great is to be misunderstood” (linhas 27 e 28).

Mariana Brito said...

Ralph Waldo Emerson é considerado o pai da literatura pelas suas ideias inovadoras, expressas nos seus ensaios Nature e Self-Reliance. O autor refere, ao longo de todo o seu trabalho, a confiança que devemos ter em nós mesmos, defende o pensamento critico individual, livre e a valorização destes.
No excerto de Self-Reliance apresentado, Emerson revela-nos um dos entraves á nossa confiança. Referido como um terror, “The other terror that scares us from self-thrust”, o autor explica que o medo que temos, de ter de levar a nossa primeira ideia como uma constante, torna-se um perigo para a nossa confiança. Este defende que para evoluirmos, o nosso pensamento pode estar em constante mutação. O que pensamos hoje podemos não pensar amanhã: a contradição não é algo errado, o errado é a conformidade. “speak what you think now in hard words, and to-morrow speak what to-morrow thinks in hard words again, though it contradict every thing you said to-day”.
Tal como em Self-reliance, no seu ensaio Nature, o autor volta-nos a introduzir a ideia da evolução do pensamento e da contradição. Emerson revela-nos os seus valores sobre a natureza: o facto de que esta nunca é para se tomar como garantida, mas sim para ser observada e apreciada a cada momento da sua constante mutação - “Not the sun or the summer alone, but every hour and seasons yields its tribute of delight; for every hour and change corresponds to and authorizes a diffrent state of the mind, from breathless noon to the grimmest midnight” – esta mudança e evolução correspondem e autorizam um estado diferente da mente, um pensamento diferente e, por isso, autorizam também uma contradição de pensamentos anteriores.
No pensamento reverso ao de Emerson, Bejamin Franklin tentou criar um sistema de forma a atingir a perfeição moral onde não haveria espaço para um pensamento completamente livre, individual e contradições. O objetivo de Franklin era não falhar, tornando-se num ser perfeito e virtuoso “I wish’d to live without commiting any fault at any time”. Apesar do autor ter concluído que é impossível haver melhorias sem ocorrerem falhas, os seus objetivos e ideias demonstram-se muito distintos das ideias de Emerson; Benjamin era um adepto de regras e valores sociais, muitas vezes condenados nos ensaios do primeiro, que considerava que a sociedade emprisionava o verdadeiro ser.


Carina Ventura said...

O café das incoerências

Num café muito famoso algures em Paris, Benjamin Franklin e Ralph Waldo Emerson observam os que passam. O empregado de mesa aproxima-se.
- Mais um café, senhor Emerson?
- Pode ser, muito obrigado!
- Não ia limitar o consumo de café a dois por dia? Já é o seu terceiro desde que chegamos…
Ben Franklin não parecia muito disposto a passar mais uma meia hora de volta de uma pequena chávena de café- não lhe parecia nada económico.
- Sabe o que disse Camus sobre o café?
Sorrindo de esguelha Emerson contenta-se com a cara de poucos amigos que Franklin lhe faz.
- Não lhe ficam nada bem estas suas incoerências. Já vi a desonestidade ser denunciada por menos…
- Como eu seria triste e pequenino se me preocupasse com o que os outros pensam da minha honestidade porque bebo mais um café do que aquilo que devia… Já lhe disse que ter um discurso linear nunca fez ninguém evoluir!

- Oh, senhor Emerson, estou a falar da sua saúde, homem! Para além de que incorrer em incoerências não contribui muito para a perfeição moral que todos fingimos ter.
- Saúde? Oh, senhor Franklin, eu já estou morto há 140 anos! Acho que sei melhor do que o senhor o que me fica bem e o que devo evitar…
- Não o consigo perceber.

Emerson sorri enquanto prova o café acabado servir.

O meu intuito com este pequeno texto foi comparar a busca da perfeição moral de Benjamin Franklin, e o hábito que alimentou toda a sua vida de não incorrer em incoerências com o ponto de vista de Emerson, que não vê a consistência da mesma forma. Ao contrário de Ben Franklin, Emerson acredita que incorrer em incoerências é algo que todos os grandes benfeitores do passado, e intemporalmente, fizeram e fazem sem nenhum sentimento de culpa, ou que pelo menos não o deviam fazer.

Miguel Ponte said...

Análise de Texto

No segundo parágrafo da página 35 da obra "Self-Reliance", de Ralph Waldo Emerson, o autor apela ao indivíduo a que se contradiga: “Suppose you should contradict yourself.”; Emerson, com esta afirmação, desperta-nos algo que, se calhar, estava adormecido em nós. Estamos demasiado apegados às convenções sociais, e talvez religiosas, que nos foram impostas pela sociedade desde que tínhamos a mais tenra idade, e nem nos damos por isso. Mesmo que deixemos de seguir algumas destas convenções, nomeadamente, a religião, estas ainda estão presentes no nosso subconsciente e, de certa forma, agimos de acordo com elas. No entanto, Emerson vem-nos dizer que, a sociedade que diga o que disser, é preciso contrariá-las, ou contradizê-las, se quisermos evoluir-nos enquanto seres individuais; ser únicos e originais; saborear a grandeza de sermos nós próprios (alguém firme, como nos diz o autor), sem que ninguém nos diga o que podemos, e não podemos, ser, pensar e agir.

Emerson, por isso, condena o conformismo das pessoas do seu tempo com as velhas ideias e atitudes. Thomas Jefferson, por outro lado, no seu texto "The Declaration of Independence", curiosamente, também refere a questão da conformidade, que pode ser nociva para o desenvolvimento humano e de um país, mas em relação a um governo que não cumpre os direitos naturais e inalienáveis: “life, liberty, and the pursuit of happiness.” Deste modo, Jefferson defende que o povo tem todo o direito de alterar ou abolir o velho governo (no caso do seu tempo, a administração britânica nas chamadas Treze Colónias) e “the forms to which they are accustomed”, instaurando um novo, como se houvesse aqui uma renovação espiritual defendida por Emerson.

Além disso, Emerson chama-nos a atenção para os julgamentos autodepreciativos que injustamente atribuímos a nós mesmos por termos cometido erros no passado, aceitando também estes julgamentos conferidos pela sociedade: “(...) bring the past for judgment into the thousand-eyed present”; como se o passado fosse uma eterna condenação para nós, invés de uma lição e algo que nos ajuda a evoluir e a remoldar-nos. Até um dos fundadores dos Estados Unidos da América, Benjamin Franklin, na sua autobiografia, admitia que cometia imensos erros que prejudicavam a sua pessoa, principalmente, a sua rotina diária bastante definida: “I was surprised to find myself so much fuller of faults than I had imagined”. No entanto, encarava-os como um bom pretexto para arranjar soluções para os superar e para se aperfeiçoar, invés de ser uma oportunidade para se autocondenar: “(...) but I had the satisfaction of seeing them diminish.”

Para concluir, segundo os três autores mencionados nesta análise, contrariar as velhas convenções morais assim como as instituições estabelecidas e aceitar os erros do passado, servindo-nos como uma lição que melhora o nosso “eu”, aproximam-nos ainda mais da perfeição humana, apesar desta não existir plenamente, como nós sabemos.

Anonymous said...

Tendo como referência o excerto apresentado podemos observar que Emerson tenta influenciar os seus leitores e provocar uma mudança na sua forma de agir e pensar, de modo a que estes tentem incorporar o que para ele é o comportamento mais correto a ter. Podemos afirmar que o seu objetivo é de certa forma similar ao da Autobiografia de Benjamin Franklin, e que a proximidade não se encontra somente aí, mas também na partilha de ideias em comum.
Ao mesmo tempo que Emerson partilha os “requesitos” que, no seu ponto de vista, são necessários para atingir o conceito de “self-reliance”, Benjamin Franklin expõem o que a seu ver são os pontos mais importantes; consequentemente ao adotar essas ideias chegamos ao conceito do “self-made-man” criado por Benjamin Franklin. Ambos são conceitos que exploram a importância do foco do homem em si mesmo e que aludem a um sentido de independência, para de certa forma alcançar um aperfeiçoamento do homem. Outro aspecto similar nos seus pontos de vista é a importância da sinceridade. Em Emerson observamos esse aspecto quando o mesmo fala sobre a coerência (“consistency”), sendo este um dos pontos fulcrais do seu argumento, indicando ainda que é isto que no faz afastar da nossa autoconfiança: “The other terror that scares us from self-trust is our consistency; a revenrance from our past act or word (…)“. Emerson defende que não devemos ter medo de nos contradizer e que o único compromisso com que nos devemos preocupar é com aquele de dizer a verdade. No caso de Benjamin Franklin temos a apresentação da “sinceridade” como uma das principais virtudes escolhidas pelo próprio: “Sincerity – use no hurtful deceit; think innocently and justly; and, if you speak, speak accordingly”. Por sua vez, é possível observar que Franklin também se contradiz de certa forma na sua lista quando este define “frugality” (“waste nothing”) como uma das principais virtudes, algo tanto quanto contraditório quando olhamos para o capitalismo americano.
Posteriormente, é possível ainda comparar este ideal de Emerson com a obra “Rip Van Winkle”, que quando observado à primeira vista pode parecer a representação antonímia do que Emerson idealiza, contudo ao analisar melhor podemos talvez afirmar o contrário. Van Winkle é apresentado como sendo alguém preguiçoso e desinteressado pelos assuntos pessoais, o que lhe provoca alguns problemas, nomeadamente a relação com a sua mulher. Ao adormecer e acordar somente 20 anos após é possível argumentar que o facto deste voltar para a vila e não se deixar alienar pelos moradores locais (“sociedade”) possa exaltar a sua autoconfiança e individualidade, no sentido em que o mesmo se mantém fiel a si próprio quando uma situação que pode colocar em causa a sua própria identidade o assombra.


Bruno Moura

Unknown said...

This poem is based on Ralph Waldo Emerson’s "Self-reliance'' and Robert Frost’s poem "The road not taken.”
The essence of this poem is the journey of a child from an abusive home that lurks in the works of great contemporaries such as Emerson and Frost. By being in contact with the minds of these authors and the nature around him, the poem's hero develops intellectual abilities and possible solutions to the problems surrounding him. The poem concludes with our main character recognizing that he is not alone since he has himself to accompany him into this journey that we call life. In this poem, we encounter some of Emerson's ideals, which appeal to human potential:” To believe your own thought, to believe that what is true for you in your private heart is true for all men- that is genius.”(p.29) The solutions to the problems of the individual reside within himself and not in external sources. Emerson's ideology vindicates the maximum potential of every human being and appeals to the exploration of feelings and our truth. It is inherent to man to question what surrounds him, and the way he reflects. It is vital to the individual mind to always have an open door to a change of thought or more concretely to "self-improvement". Robert Frost is another author who explores themes such as human fragility and nature elements.



young and wild, a cuckoo child
counting the steps of the staircase
as the blood matured into boozing
the music turned into boisterous howls.

In this homely hell the small deer
could only find true peace in the bewitching
timberland along the hill.
Along with him, a manuscript would come,
with the dreamers that would caution him
about his living soul.
Along the ride, he would grasp
how peerless was his mind,
hence the heroes he besainted
were forever prevailed by his side.

The small deer off he went,
companionless, surely, yet
with a speculum in his hand.

Célia Jesus

Ataíde said...

O excerto de Ralph Waldo Emerson em análise questiona, em parte, a importância de ser coerente (em inglês, consistent), e até que ponto se pode considerar que essa ambicionada coerência (consistency, no original) é uma virtude ou não. É um tema recorrente na literatura dos Estados Unidos da América (EUA) no séc. XIX, e de uma importância redobrada para este período, por ser quando se está a formar, e por isso mesmo, a problematizar, toda um conjunto de valores que formarão a identidade cultural, política e nacional da nação que se tornará os EUA.
Este diálogo literário de Emerson é particularmente notório com a obra autobiográfica de Benjamin Franklin, onde no seu Plan for Attaining Moral Perfection é bastante evidente esta valorização da coerência através das rotinas, da referência frequente à “Ordem” (Order, no original), que acabam por ser apresentadas quase como estruturas basilares para o desenvolvimento e construção de todos os restantes princípios morais referidos por Franklin. Emerson acaba por mencionar o mesmo tema nas primeiras duas frases do excerto, ao referir o “pânico” (terror, em inglês) que nos impossibilita de ser incoerentes, ou de ir contra aquilo que já dissemos ou fizemos anteriormente, “pânico” esse que o mesmo repudia, argumentando que ao receber novas informações, qualquer pessoa está no seu direito de mudar de opinião, até mesmo para a opinião contrária, se assim o entender, sem que isso deva ser motivo de crítica.
É uma abordagem muito curiosa à forma como lidar com a adição de novo conhecimento, visto que Emerson acaba por defender que qualquer mudança de opinião por esse motivo é válida, mesmo correndo o risco de não ser compreendida. Parece uma intenção quase diametralmente oposta à de Thomas Jefferson e dos restantes Founding Fathers ao escreverem a Declaração da Independência, que pretendia consagrar num documento de cariz político, de forma definitiva e permanente, os princípios e valores que estavam a reger aquela tomada de posição.
É também digno de nota que estas posições opostas não são necessariamente contraditórias em si mesmas, mas sim apenas na medida em que os autores as levaram para pontos mais extremos no espetro, o que leva a que assim seja. Na minha opinião, uma pessoa deve tentar ser coerente sempre que possível, o que não invalida uma mudança de opinião ou de valores. O importante é, sim, basearmo-nos no conhecimento que já adquirimos e conseguirmos integrar o novo conhecimento nessa base, o que naturalmente promoverá mudanças de perspetiva.

Ana Bacelar said...

Desaparecida
A memória, tão querida, trabalhada e construída, bem adulta, definida e tão autoconfiante; viajou montanha acima, preparada e decidida; perder-se na natureza, p’ra espairecer um instante. Mente aberta, esclarecida, caminhando, resolvida, à procura de riqueza cognitiva; importante! Foi andando, embevecida e sempre descontraída. De repente olhou p’ra frente e viu algo interessante. Distraiu-se com as horas e com tudo o que encontrou, caminhou muito entretida e nunca mais regressou.
O seu dono, assutado, e fiel ao seu passado, ficou aterrorizado quando ela não voltou. Sem um pingo de esperança, perdeu autoconfiança; transtornado com tal perda, ele em casa se fechou. E agora a coerência? E se dão pela ausência? E logo a maledicência dos vizinhos o assaltou. No entanto, amanheceu; ela nunca mais se viu; e da sua grande perda já nunca mais se lembrou.
Um vizinho, sem saber, logo ao amanhecer, à sua porta foi ter para o cumprimentar. Como foi o dia de ontem? Foste tão cedo p’ra casa! O que é que te aconteceu? Ele não soube explicar. O vizinho, espantado, nada, nada preparado, ficou ali, especado, com a mente a processar. Ai que perda! Mas que perda? – perguntou de imediato. Era algo importante? Será que posso ajudar?
Sim, fugiu como José, e com grande atitude. Agora não há problema se ele for misunderstood.
-----
Neste texto foram feitas referências a Self-Reliance (pg 35) e também a Nature (pg 1827), de Emerson. O texto começa com a alusão à memória, que embora não seja totalmente confiável (“it seems to be a rule of wisdom never to rely on your memory alone”), é uma base indispensável da autoconfiança. Ela saiu para apreciar a natureza e, tal como Emerson, perdeu-se totalmente nela (referência a “I have enjoyed a perfect exhilaration”). Mas sem ela o sujeito do texto experiência os medos mencionados por Emerson (“The other terror that scares us from self-trustis our consistency”). Ele é fiel ao seu passado (referência a “a reverence for our past act or word”). Com a perda da memória, no entanto, a questão da autoconfiança (“self-trust”), e da coerência (“consistency”) deixa de ser levantada. Entretanto, passamos para o choque do vizinho (“the eyes of others”). Ele “ficou ali especado, com a mente a processar” (referência a “no other data for computing”). O texto termina comparando a fuga da memória com a fuga de José. Sem a memória a acusar o sujeito do texto de falta de coerência e de falta de autoconfiança, ele agora pode ser acusado de ser “misunderstood” sem isso o afetar. Agora ele “live ever in a new day”.