Friday 14 October 2022

Leituras e convites à escrita para 18 de outubro - Frederick Douglass, "What to the Slave is the Fourth of July"

Encontre e comente exemplo de intertextualidade retórica ou estrutural com um destes textos

- The Declaration of Independence
- William Apess, "An Indian's Looking Glass for the White Man"
- H. D. Thoreau, "Resistance to Civil Government" (também na antologia, em caso de haver tempo para ler...)

10 comments:

Unknown said...

Existem vários exemplos de intertextualidade retórica e estrutural entre os textos "What to the SLave is the Forth of July" de Frederick DOuglass e "An Indian's Looking Glass for the White Man", de WIlliam Apess.
Em primeiro lugar, ambos os autores falam de uma perspetiva de oprimido contra o seu opressor, exercendo uma retórica principalmente de "nós VS. eles, ainda que Apess procure uma aproximação maior entre o homem branco e o índio, ao passo que Douglass adota uma postura mais de confronto, referindo-se por exemplo aos EUA como "your nation" em vez de "our". Ambos os autores utilizam a retórica para defender os direitos dos seus companheiros oprimidos pelo homem branco. Douglass faz isto de uma maneira um pouco diferente; ambos os autores fazem uso de interrogações retóricas, mas Douglass vai mais longe que isso ao fazer referência à própria história da conquista da independência americana, comparando a necessidade e urgência de emancipação sentida pelo povo americano, com a mesma necessidade de libertação e abolição da escravatura por parte dos escravos. Ainda em relação a esta comparação, Douglass refere como, tal como na questão da independência americana, aqueles que se afirmavam a favor desta eram inicialmente mal vistos- o mesmo se aplica aos corajosos abolicionistas. É interessante como o autor é capaz mesmo assim de expressar tanta admiração pelos atos revolucionários dos "fathers" do homem branco- poderia pensar-se que um antigo escravo não expressaria nada mais que ódio e revolta contra os "founding fathers" de um país que escraviza, tortura, oprime e persegue os seus irmãos. Esta admiração joga também a favor do autor, uma vez que consegue assim apelar ao orgulho americano, aproximando-se dos mesmos.
Talvez o momento mais óbvio da intertextualidade entre os dois autores será quando Douglass usa a palavra "black" para adjetivar negativamente alguma coisa: ...the character and conduct of this nation never looked blacker to me than on this 4th of July"; encontramos algo muito parecido no texto de Apess: "...placing before you the black inconsistency that you place before me- which is ten times blacker than any skin that you will find in the Universe"
Ambos os autores expõem eloquentemente as contradições do povo americano, expondo tanto a contradição cristã como politica. Ambos realçam a hipocrisia dos que se dizem Cristãos sem seguir as suas bases. Por vezes, no entanto, Douglass faz novamente algo diferente: não se digna sequer a argumentar algo, mostrando o quao ridiculo e até humilhante seria tentar argumentar isso, como por exemplo, que o homem tem direito à sua liberdade, e que o escravo não é gado, mas sim um ser humano.
A retórica de Douglass é também ligeiramente mais visual e detalhada que a de Apess, aproximando-nos dos escravos. Nestes casos vemos que os autores defendem coisas com uma dimensão diferente. Um defende muito mais o cessar de atitudes e politicas racistas, cruéis e injustas o outro o fim de uma terrivel extensão dessas atitudes e politicas racistas, cruéis, e injustas.
Estruturalmente os textos são também relativamente semelhantes, apresentando ambos um tom quase de sermão- no caso de Apess isto deve-se à influencia do seu ensino metodista ao longo da sua infância, no caso de Douglass mais devido ao facto de este estar mesmo a proferir um discurso. De mencionar que ambos os autores são antigos escravos, tornando os textos de uma brutalidade extrema por vezes (mais no de Douglass").


Francisco Fortunato 158581

Ataíde said...

O texto de Frederick Douglass tem vários exemplos de intertextualidade dignos de nota, contudo penso que vale a pensa debruçar-me sobre os mais relevantes presentes nas páginas 1820 e 1821 do texto, ou 105 da antologia, relacionados ao domínio inglês.
Estes exemplos, tal como "The greatest (...) complained of." chamaram-me particularmente a atenção por estabelecerem um diálogo direto com a Declaração da Independência, de Thomas Jefferson, e criarem um alerta gritante para a injustiça nela presente. Injustiça essa, como Douglass argumenta, baseada num passado onde os seus autores da Declaração da Independência puderam ser livres de criticar os seus dirigentes opressivos, mas que a sua crítica à sua opressão atual já não é aceite com a mesma facilidade.
Este uso de referências do tempo da Declaração da Independência é tal que Douglass chega mesmo a citá-la para estruturar o seu argumento, tornando a relação intertextual totalmente transparente.

Miguel Ponte said...

Como vemos em “Declaration of Independence” de Jefferson, Frederick Douglass salienta os princípios e direitos básicos, naturais e inalienáveis do Homem como vínculos essenciais para a criação de uma nação livre de opressões: “life, liberty, and the pursuit of happiness”. Estes são valores americanos inquestionáveis e defendidos pelos “fathers” dos EUA.
No entanto, Douglass vem-nos alertar: “Are the great principles of political freedom and of natural justice, embodied in that Declaration of Independence (referência a Jefferson), extended to us?”; isto é, questiona se estes princípios, tão defendidos pelos “statemen” e pelos americanos (brancos) em geral, são também aplicáveis às pessoas não-brancas, em particular, aos escravos negros. Daí referir que “The Fourth [of] July is yours, not mine”, marcando um distanciamento entre o mundo dos brancos e o mundo dos negros, que são excluídos dos direitos acima referidos, ao qual o autor pertence. Este dia (4 de julho) simboliza a liberdade, a autodeterminação e a independência dos EUA face à Coroa Britânica, e é celebrado pelos americanos. Douglass diz-nos que este dia não representa, de todo, os escravos negros, dado que são privados da liberdade gozada pelos brancos. Ainda vai longe e argumenta que esta nova nação, os EUA, é hipócrita: a maneira como os americanos brancos celebram o 4 de julho é “sham”, e a sua “boasted liberty” e os “sounds of rejoicing” são “empty” e “heartless”.

Beatriz Lima said...

O discurso de Frederick Douglas pode ser comparado com o texto de Apess, no que diz respeito ao público cujo textos são direcionados. Em ambos os textos podemos observar uma crítica ao povo americano quanto os direitos negados aos nativos e escravos. Por exemplo, no texto "An Indian's looking glass for the white man" Apess questiona se os brancos gostariam de ter seus direitos negados simplesmente pela cor de sua pele (p.1869) e no texto de Douglas podemos observar trechos como "Your National Independence..." (p.1819) nos dando a entender uma certa distancia entre ele e os "Feelow citizens" que era como ele se referia à população, indicando assim que os negros além de não terem os mesmos direitos, não faziam parte daquela data. Podemos salientar ainda que tal prática vai totalmente contra a liberdade e igualdade de direitos entre todos como havia sido proclamada na Declaração de Independência (p.1158)

Diogo Peixoto said...

I believe one could argue that Frederick Douglass's 4th of July speech can be intertextualised with the Declaration of Independence, namely because the main (and perhaps only) point of Douglass's argument is how the Declaration applies to people of colour in the USA.
As the founding fathers concluded the Declaration of Independence, one of the pivotal points it makes is the importance of equality among citizens. However, this excludes black people, for instance, who remain slaves and cannot enjoy the rights granted by the Declaration. It is with great sadness that Douglass expresses his discontent on how African-Americans are treated.

Anonymous said...

Frederick Douglass's “ What to the slave is the 14th July” is a powerful speech written by an enlightened black man that with an assertive tone was capable to pass a message to the public towards the abolition of Slavery. A Similar text, with a matching tone, would be “An Indian's Looking Glass for the White Man” by William Apess. They both start their essays in a very formal non-confrontational way which intensifies as the speech goes on. They take advantage of the use of rhetorical questions to which they have the answer.
They are constantly repeating themselves to give a lecture to the audience; They tackle religion, an important element of society, whereas Apess doesn't discuss the role of the church as much as Douglass since William was a preacher.
They distance themselves from the audience using different pronouns. Both show extremely disappointed with the delicate situation at the time, in the United States towards racial minorities, even though Apess identifies himself more with the native-Americans and Apess with the “black man”.



Célia Jesus

Catarina Costa said...

Podemos comparar "Resistance to Civil Government" de H.D. Thoreau com este texto, visto que em ambos os textos é possível verificar a defesa da libertação dos escravos e a critica ao governo americano por deixarem estes existirem e sofrerem nas mãos dos homens brancos.
No texto de Thoreau, este diz que cada indivíduo deve lutar pelo que acredita e não ser levado pelos pensamentos da sociedade, não devendo defender e participar neste tipo de injustiças, contrariando o governo pelos seus atos miseráveis, assim como Douglass em “What to the slave is the 14th July” defendia a abolição da escravatura e o fim destes atos racistas o mais depressa possível, falando sobre a hipocrisia do governo e do povo americano, pelos princípios que dizem ter, mas que não eram realizados na prática.

Mariana Lopes said...

Existem diversos exemplos de intertextualidade entre "What to the salve is the fourth of July" e "An indian's looking glass for the white man", mas o mais proeminente será o sentimento de nós contra eles.
No texto de Douglas o mesmo faz questão de nunca dizer "We" quando fala das liberdades concebidas no quatro de JuLho, pois essas mesmas liberdades só foram garantidas ao homem branco e a mais ninguém e, este é o problema que William Apess tenta transmitir no seu texto, pois sendo um Nativo Americano criado por uma família branca, ele conseguiu ter diversos privilégios que não era dados a outros Nativos, e por ter esses privilégios ele pretende dar a conhecer a realidade do seu povo na tão aclamada "Land of the free".
Ambos os escritores dão a conhecer a hipocrisia da constituição, do governo e do povo Norte Americano, expondo as leis e os direitos que todos os homens deveriam ter, mas que não eram dados.

Mariana Lopes

Joao Cunha Alves said...

The speech by Frederick Douglass What to the Slave is the Fourth of July argument for equality between all humans is much based on religion. The reason for this matter is that religion and spirituality was always pivotal element to the American people. Douglass utilizes excerpts from the bible to contradict what American racists believe, which is that white men are superior to any other ethnicity. This strategy of using religion to build and validate one’s argument is also utilized in the declaration of independence. However here, as most of the founding fathers were transcendentalists, they believed that human spirituality is deeply connected with nature. Thus, right at the beginning of the declaration of independence one encounters that the laws that will be established in the declaration will be ‘laws of nature and of nature’s God’. All in all, even though these two texts refer to two different matters of American society, both use religion and spirituality as a tool to construct and validate their argument.

Milena said...

The texts "What to the Slave is the Fourth of July" by Frederick Douglas and "An Indian's Looking Glass for the White Man" by William Apess contain a number of instances of rhetorical and structural intertextuality. Both employ language to uphold the rights of those who are oppressed by white people. Douglass, though, takes a more antagonistic posture, referring to the US as "your nation" rather than "our nation." Apess' rhetoric is more abstract and generalized than Douglass', which puts us farther away from slavery. The paradoxes of the American people—both Christian and political contradictions—are clearly exposed by both authors. However, there are instances when Douglass does not even deign to dispute, demonstrating how absurd and embarrassing it would be to do so.