Wednesday 5 October 2022

Mais prática de análise de texto / escrita criativa - para 11 de outubro (excertos de Walden de H. D. Thoreau)

 Atentando no excerto que começa na p. 2111 do texto (89 do lado direito da antologia) - "Every morning was a cheerful invitation" até, no mesmo parágrafo, mas na página seguinte, "Moral reform is the effort to throw off sleep" (inclusive), responda a uma das duas seguintes propostas:

a) uma análise de texto, estabelecendo relação com pelo menos dois outros textos da disciplina.

(Fatores a que convém atentar: tema e estrutura; importância do texto no contexto da obra e da época do autor; sujeito de enunciação e ponto de vista + relação com destinatário; efeitos linguísticos; simbolismo; função dos recursos expressivos; tom, dicção, prosódia)


b)  uma composição de escrita criativa (se preferir, recorrendo ao cruzamento com a sua experiência pessoal), não esquecendo de inserir nela uma relação com um outro texto da disciplina + c. de  5-10 linhas explicando as ideias norteadoras da sua composição e como foram relacionados os conhecimentos de Lit. EUA sécs. XVIII-XIX




3 comments:

Diana Calado said...

Análise de Texto


Henry Thoreau estabelece em Walden (1854), e neste excerto especificamente, uma alegoria sobre o despertar da alma para a espiritualidade, bem como a comunhão desta com a Natureza. Sendo uma obra, publicada em 1854, e considerada fundamental na bibliografia do autor, esta surge como produto do seu tempo e do pensamento idealista do transcendentalismo que, neste excerto, é visível principalmente na visão da Criação como um todo, ou seja, da comunhão intrínseca entre o Ser Humano e a Natureza. Por outro lado, os pensamentos evocados em Walden contrariam a emergente filosofia capitalista da América do Norte do século XIX. Assim, neste excerto, o foco principal do autor encontra-se, não só na alegoria do despertar da alma, mas também na antítese constante entre a essência espiritual e material do ser humano.
Por um lado, o autor opõe a sacralidade da manhã, ou seja, do mundo natural, à artificialidade da industrialização. Onde existiria música divina, “celestial music”, apenas se escutam campainhas fabris, e onde poderia existir um despertar espiritual apenas se verifica uma vida vazia e adormecida levada adiante através de impulsos automatizados, “the mechanical nudgings of some servitor” (Thoreau 2112). Também recorrendo ao campo semântico do religioso, em termos como, “religious”, “worshipper”, “celestial”, “sacred” e “profaned”, o autor ritualiza a sua rotina matinal ao ponto de a elevar a um patamar de heroicidade, “Morning brings back the heroic ages.” (2111). Deste modo, através da adjectivação positiva do despertar espiritual, bem como o recurso a hipérboles como, “All poets and heroes … are the children of Aurora” (2112), o autor exalta a condição daquele que consegue, como ele, se aperceber da sua própria inconsciência e, portanto, despertar. Da mesma forma, Thoreau coloca-se numa posição de superioridade por ser detentor de tal conhecimento, ainda que o seu fim seja partilhar o mesmo com os demais que desejem acordar do automatismo da vida moderna.
Por outro lado, a vontade do autor de atingir a cada novo dia um estado de simplicidade e comunhão com a Natureza assemelha-se, de certo modo, à tentativa que Benjamin Franklin explicita na sua autobiografia de trabalhar diariamente a fim de conquistar a perfeição moral. O objectivo de Thoreau equipara-se, portanto, ao de Franklin no desejo de viver uma vida frugal e moderada, ambas qualidades abarcadas pela simplicidade. No entanto, enquanto a meta de Benjamin Franklin se resume à condição moral, já Henry Thoreau redefine a “reforma moral” como algo que ultrapassa os limites da lógica humana e se estende a uma sabedoria espiritual, “Moral reform is the effort to throw off sleep” (2112). Por outro lado, este excerto assemelha-se a algumas passagens de “Self-Reliance”, de Ralph Waldo Emerson, ao defender a elevação espiritual ao invés de uma existência automatizada pela vida mundana, “your isolation must not be mechanical, but spiritual, that is, must be elevation.” (Emerson 43).
Em suma, em Walden, e neste excerto em específico, Henry Thoreau equipara o despertar espiritual à renovação diária da Natureza. Esta é uma obra que reflecte o tempo em que foi escrita onde o conflito entre o mundo espiritual e o mundo material se intensificava a cada dia. Para além disto, o autor assume uma posição clara neste jogo de forças aludindo, num discurso apologista, à grandeza daqueles que se atrevem a sair da inconsciência e a abraçar a “nobreza” de uma existência para lá do materialismo.

Mariana Brito said...

No segundo capitulo do seu livro,“Walden”, Thoreau demonstra a sua longa procura e reflexão sobre o local perfeito para a sua experiência de vida. O autor acreditava que as construções sociais humanas tornam a vida mais trivial comparado com aquilo que a natureza consegue fazer por nós.
No excerto em questão, Thoreau fala da sua experiência das manhãs passadas na cabana, consideradas pelo mesmo algo que o aproxima da divindade e da verdadeira forma de viver – “Every morning was a cheerful invitation to make life of equal simplicity, and may I say innocence, with Nature herself”. Num tom de admiração, o autor revela-nos o valor dado ás manhãs e á Natureza através do adjetivo “cheerful” e da ideia de que conseguimos ter uma vida simples/simplificada através da própria Natureza. No início do excerto, o autor afirma também ter-se tornado um admirador da Deusa grega Aurora, a Deusa do amanhecer; esta referência enfatiza a paixão de Thoreau perante a manhã.
A ideia da valorização da natureza é frequentemente observada nos ensaios de Emerson. Tal como Thoreau, Emerson acreditava que deveríamos viver mais em contacto com a natureza e que nos deveríamos afastar da sociedade, das suas normas, que se tornam opressivas para o Homem contribuindo para o seu emprisionamento. Em “Nature”, o autor inicia o primeiro capitulo com a frase “To go into solitude, a man needs to retire as much from his chamber as from society. (…) But if a man would be alone, let him look at the stars” – embora dito num tom mais autoritário e menos sonhador comparativamente a Thoreau, é visível a partilha de ideias, tanto na admiração da natureza, como na necessidade de isolamento.
Embora existam grandes diferenças entre o pensamento trascendentalista de Thoreau e o pensamento moral e rigoroso de Benjamin Franklin, podem ser observadas algumas parecenças em termos da posição que tomam perante as suas ideias. Benjamin franklin, tentou criar um sistema de forma a atingir a perfeição moral. Num tom moralista e direto, o autor revela os seus métodos de forma a ser um exemplo a seguir, onde cada semana se debruçava sobre um aspecto que desejava melhorar na sua rotina. Esta sistematicidade pode ser observada em “Walden” quando o autor afirma “I got up early and bathed in the pond; that was a religious exercise” e “Renew thyself completely each day; do it again, and again, and forever again”. A repetição do adverbio “again” remete-nos para uma certa disciplina observada em Benjamin Franklin, mas também para um tom rigoroso e incansável presente em Emerson.

Célia Jesus n• 156086 said...

Thoreau in his transcendentalist thematic must-read Walden writes in detail about his own experiences living in a cabin by the woods by Walden Pond. He guides himself on an adventure of one man in nature. He explains his ideals by saying that the society that we know today is blinded by social norms and superficial wealth. He finds it in nature and in his Independent work in the countryside, where intellectual and creative thoughts can develop freely without no restriction. In chapter 2 Thoreau gives an insight into his daily simple life in his cabin. He writes in detail about “voluntary poverty”. There are some important ideas in this text: the idea of self-reliance (highly influenced by his friend Emerson), it's almost like a philosophy that guides the individual to find his strength and not live by society's standards. Living in solitude and not being bound to any material superficial chains is the true key to happiness. We as a society spend too much time doing what others want us to do to be accepted in some way, whatsoever we will never be capable to please everyone so we must think about what we want to do with our lives: “ while civilization has been improving our houses, it has not equally improved the men who are to inhabit them [..] ( Thoreau, Henry)
Another important point Thoreau talks about Is solitude and nature. living a one-man life, and surrounding yourself, with what nature offers leads to moments of true happiness. Waking up to the sun rising in his small cabin is a moment that only he experiences at that moment. Just like Emerson in Nature, we can find beauty and spiritual peace in nature. Nature provides him with everything to survive and lead a healthy life: “ The sun shines to-date also. There is more wool and flax in the fields. There are new lands, new men, new thoughts, Let us demand our works and laws and worship” ( Emerson, Ralph)