Tuesday 8 November 2022

T.P.C. Poe, "The Philosophy of Composition" + "Review of Twice-Told Tales" (10 e 15 de novembro)

 Redija um comentário a uma das seguintes citações de Edgar Allan Poe. Um comentário é um texto argumentativo, o que significa que a sua opinião é importante. Antes, porém, no caso do comentário a uma citação, há que revelar o seu significado (o que entende pela citação) e depois desenvolver a sua concordância ou discordância (ou concordância apenas parcial) em relação ao que acha que ela comunica. Neste enunciado, tratando as duas citações de poética (ou maneira de fazer literatura) também deve demonstrar a sua capacidade de articular da citação com pelo menos outros dois textos deste curso. Encontra noutros escritores teorias complementares ou diversas do modo de composição? Esses textos perfilham a mesma ideologia. Tratam os seus temas de modo concordante ou divergent? Não esqueça de dividir o seu texto em parágrafos e utilizar conectores frásicos. Tente terminar com uma conclusão que possa dar azo a novo pensamento. 


1. [dica: esta citação provém de "The Philosophy of Composition," uma tentativa de explicar como foi escrito "The Raven", pelo que poderá começar por comentar a prática de Poe relativa à sua própria teoria]

"In subjects so handled, however skilfully, or with however vivid an array of incident, there is always a certain hardness or [ nakedness, which repels the artistical eye. Two things are invariably required — first, some amount of complexity, or more properly, adaptation; and, secondly, some amount of suggestiveness — some undercurrent, however indefinite of meaning. It is this latter, in especial, which imparts to a work of art so much of that richness (to borrow from colloquy a forcible term) which we are too fond of confounding with the ideal. It is the excess of the suggested meaning — it is the rendering this the upper instead of the under-current of the theme — which turns into prose (and that of the very flattest kind) the so called poetry of the so called transcendentalists."

        Edgar Allan Poe, "The Philosophy of Composition"; 1846 (p. 1536 do texto, p. 134 da antologia)

2. [dica: esta citação provém da recensão de Poe a "Twice-Told Tales" de Hawthorne. Poderá, por isso, avaliá-la à luz do conto de H. que vamos dar em aula, "Wakefield").

"[T]he tale has a point of superiority over the poem. In fact, while the rhythm of this latter is an essential aid in the development of the poem's highest idea — the idea of the Beautiful — the artificialities of this rhythm are an inseparable bar to the development of all points of thought or expression which have their basis in Truth. But Truth is often, and in very great degree, the aim of the tale. Some of the finest tales are tales of ratiocination. Thus the field of this species of composition, if not in so elevated a region on the mountain of Mind, is a table-land of far vaster extent than the domain of the mere poem. Its products are never so rich, but infinitely more numerous, and more appreciable by the mass of mankind." 
(Poe, "A Review of Twice-Told Tales", 1842, p. 1526 do texto, p. 129 da antologia)





(imagem de Filipe Abranches)

2 comments:

Unknown said...

Citação 2
Nesta citação Poe dá a sua opinião relativamente a um "ponto" de superioridade que acredita existir no Conto em relação ao Poema. Poe começa por desenvolver esta ideia ao dizer que o ritmo do poema é essencial no desenvolvimento e expressão da sua ideia pricipal- a Beleza (Beutifull). No entanto, as "artificialities" do ritmo opôem-se ao desenvolvimento da ideia Verdade (Truth). Ao mesmo tempo, Poe acredita que a verdade é precisamente o objetivo do conto. Eis então o traço considerado superior pelo autor.
Apesar de sentir que entendi a citação na sua totalidade, fico com algumas dúvidas em relação ao que poderá ser, para Poe, a ideia Verdade. Talvez o facto dos contos possuirem sempre uma "moral da história" poderá estar relacionado. É importante notar que em parte alguma Poe diz que não pode haver Verdade no poema ou Beleza no conto, o conto é simplesmente mais "legitimo" para passar a ideia Verdade. O autor conclui com uma bonita frase que precede a última do texto e deixa-nos a refletir ao afirmar que ainda que os contos não sejam mais ricos (em termos estéticos presumo, afinal de contas não tem como objetivo principal a ideia da Beleza), são mais numerosos (escrevem-se muitos mais contos que poemas) e mais apreciados pela humanidade.
Concordo com o autor nesta opinião, mas não totalmente em alguns aspetos. De facto, é verdade que se partirmos do principio que por Verdade Poe está-se a referir à verdade inerente na moral de todos os contos, confirma-se que os contos tem mesmo como objetivo desenvolver esta ideia, ao passo que o poema se preocupa mais com outras áreas (como o seu muito mais essencial ritmo). Por mais diferentes que sejam entre si, os contos vão sempre arranjar maneira de nos passar algo que fica, e que podemos usar e até aprender. É interessante reparar como contos tão diferentes como o clássico "Corvo e a Raposa" e o "Wakefield" são capazes de apresentar verdades e morais com a mesma intensidade, mesmo com situações muito imaginárias e ficticias, como um corvo e uma raposa a falarem, ou um homem que decide desaparecer durante 20 anos escondendo-se na rua ao lado da sua própria casa (curioso, em ambos os contos as personagens são criticadas pela sua vaidade).
Outro aspeto que me faz concordar com Poe é o facto de ser possível elementos idênticos de outros contos para passar uma mensagem completamente diferente (que se mantém verdadeira)- Rip Van WInkle de Washington Irvin e Wafield de Nathaniel Hawthorne são duas personagens passivas em relação à vida, que desaparecem durante duas décadas, deixando para trás uma mulher e amigos que os julgam mortos, e não é isso que impede diferenças cruciais tanto no enredo, como na sua moral (Ainda que a moral de ambos seja parecida, desperdiçam os dois vintes anos de vida); tal coisa aconteceria com muito mais dificuldade no poema, devido às restrições causada pelo ritmo.
Acredito também ser verdade que os contos sejam muito mais numerosos e apreciados no geral, precisamente por, na minha opinião, possuirem a tal verdade com que todos podem concordar.
Mas uma questão continua a ponderar na minha cabeça. Não será possível escrever um conto com uma moral que não idealize a verdade? E não poderei simplesmente seguir a mesma estrutura, mas passar uma ideia considerada "inútil"?

Francisco Fortunato

Unknown said...

PS- falta a palavra "usar" na primeira frase do penúltimo parágrafo antes de "elementos"
Francisco Fortunato